sábado, 19 de julho de 2008

Vida



Vida moldável,
Como plasticina, inerte,
Formada e transformada,
Ao sabor dos dados,
Ao sabor dos impactos do exterior,
Ou objectivos nela introduzida!

Podemos pensar, repensar, ressentir,
Mas os factos não mudam.
A vida está em mudança constante,
É dinâmica e ruminante.
Contaminada por um vírus,
Onde a noção e o pecado de culpa
Nos perseguem.

Raiva, ódio, encontraram, nela, abrigo,
Agindo sem discernimento
Tentando encontrar justificação,
Para os nossos desejos e ímpetos.

Vida, é suspeita e vigiada por si própria,
Em relação a qualquer coisa:
- Sou porque sou, vi ou quero ser!

É renegação de nós mesmos,
Manipulação do homem pelo homem.
A não tomada de consciência,
Do amor e da criatividade,
Leva ao serviço pelas raivas
Das injustificações de certas acções.
Conhecermo-nos a nós mesmos,
Despidos das nossas capacidades.

Vida, criança activa, que vibra em nós
Com uma vitalidade de sempre e para sempre!
As crianças com suas riquezas,
Pedidos, olhares, capacidades,
Deixam-nos guiar a nós próprios,
Ousando a ser e viver,
Segundo o nosso potencial
Que não devemos perder.

Vida, é um rio interrompido,
Parcialmente, por diques,
Que só nós os podemos mover!


beanabela

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Pelo meu corpo, desliza...




Pelo meu corpo, desliza,
Suavemente, a água do meu banho,
Representando toda a saudade
Como uma gota de perfume.

Pelo meu rosto, deslizam
As lágrimas de um rio de carinho,
Que brilham e ofuscam a felicidade
Nas águas límpidas do teu olhar!

Pelos meus olhos, desliza,
Docemente, a ponta dos teus dedos,
Como pétalas suaves de uma rosa
No infinito dos teus sonhos!

Pelos meus lábios, deslizam
O sal, o doce e o amargo desejo,
Como as gotas silenciosas de orvalho
Presas nas vidraças de uma janela!

Pelo meu peito, desliza,
Escaldante, o fogo das tuas mãos,
Como pequenos cristais de gelo,
Ao sabor jovial de cada arrepio!

Pelo meu colo, desliza,
Com graciosidade, a tua cabeça,
Descobrindo toda a geografia
Por onde passa o trem da esperança!

Pelos meus cabelos, deslizam
Tranquilamente, as tuas mãos,
Que libertam a dor e o sofrimento
E aprisionam o sorriso e o delírio!




beanabela

terça-feira, 1 de julho de 2008

Pecado escondido


Penumbra nocturna,
Persianas fechadas,
Porta entreaberta,
Corredor sombrio,
Espaço incerto!
Silêncio cortante,
Sombras paradas.
Chegada rápida!
Cruamente sensual…
Pés empoeirados,
Cabelos negros,
Cabeça baixa,
Olhos penetrantes,
Saia volumosa!...
Voz baixa,
Último pedido!
Olhar piedoso,
Tensão aveludada,
Dramatismo estudado!
Braços estendidos,
Pulsos seguros,
Mãos escondidas,
Corpos justos,
Pele suave!
Odores pesados,
Expressão “arrogante”,
Ar “ameaçador”,
Sussurro áspero…
Doce barulho,
Gemido emanado,
Profundo, queixoso…
Respiração suspensa,
Efeito poderoso!
Momento desvanecido,
Atmosfera alterada!
Amor absoluto!
Amor perdido!
Pecado escondido!...


beanabela